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Reconhecidas pelo poder de adaptação às novidades impostas pelo Fisco, as organizações contábeis vêm passando por um intenso processo de transformação, iniciado ainda nos anos 1990, com a introdução de processos tecnológicos mais robustos, especialmente após o surgimento de equipamentos de informática cada vez mais potentes.
Este divisor de águas atinge atualmente o ponto máximo, com a implantação do Sistema Púbico de Escrituração Digital (Sped) e do eSocial. Alguns fatos explicam este momento, como o crescimento da carga e da complexidade tributária e o incremento de tecnologias fiscais, além do aumento da quantidade de empreendedores e do amadurecimento gerencial de parte deles.
A conjunção destes fatores leva as empresas do setor a buscar a máxima eficiência operacional e, simultaneamente, a diferenciação dos serviços prestados aos seus clientes. Ao mesmo tempo, traçam novas estratégias, buscam elevar receitas e reduzir custos e riscos.
Tanto é assim, que em 2014 realizei um levantamento on-line englobando 388 escritórios de todo o país, gerando informações que propiciaram uma análise bastante precisa sobre o atual momento da contabilidade brasileira.
De acordo com o levantamento, 64% das organizações contábeis apontaram como uma das grandes dificuldades o recebimento de informações dos clientes com qualidade e prazo. Em torno de 40% informaram que seus principais gargalos são baixo crescimento de receitas, contratação, capacitação e controle da produtividade da área de RH. Paralelamente, um terço apontou como desafios incontestes a atualização legal, cumprir as obrigações acessórias e decifrar a vasta legislação da área.
Enfim, o principal desafio registrado reflete o contexto de uso de um modelo tecnológico obsoleto, baseado em digitação de dados, bem como a falta de cultura de marketing de serviços, em especial no relacionamento com os clientes.
Ainda segundo a pesquisa, quase 70% das empresas contábeis declararam que o cumprimento rigoroso das obrigações acessórias é o seu grande diferencial, ao passo que 63% consideraram o cálculo correto dos tributos um fator de diferenciação relevante. Entretanto, apenas 56% disseram acreditar que a excelência no atendimento represente um importante aspecto competitivo. Serviços e atuação personalizados e variados também foram mencionados.
Infelizmente, o cálculo correto de tributos e o cumprimento das obrigações acessórias ainda são considerados diferenciais dos serviços prestados na área, reforçando com isto o contexto comoditizado do mercado, boa parte dele competindo com base no preço.
Ora, se há pressão por redução de custos e riscos, as empresas contábeis precisam entender que capital intelectual é formado por profissionais qualificados (em questões técnicas, gerenciais e atendimento a clientes), metodologias (gestão e processos) e tecnologias (operacionais, gerenciais e de comunicação com os clientes). O conhecimento técnico é fundamental, mas sozinho não traz prosperidade à empresa.
Em outras palavras: sem investimentos em tecnologia e gestão é impossível reduzir custos e riscos. Analisando o lado da receita, quanto mais “igual” for um serviço, menos ele vale. Afinal, a diferenciação da oferta e do atendimento é o que faz um comprador pagar mais ao prestador de serviços.
(*) Roberto Dias Duarte é sócio e presidente do Conselho de Administração da NTW Franchising, primeira franquia contábil do país.