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No último dia 22 foi comemorado o dia do contador. A data foi escolhida porque neste dia em 1945, foi criado o primeiro curso superior de Ciências Contábeis do Brasil, na Universidade Federal de Minas gerais (UFMG), durante o governo de Getúlio Vargas. Antes disso, havia apenas dois cursos técnicos na área, mas que não ofereciam diploma superior. O contador é o profissional que possui bacharelado em Ciências Contábeis. Aqueles que possuem somente o ensino técnico são denominados contabilistas.
Atuando nesta área há mais de vinte anos, posso dizer que a resistência nessa profissão é o maior desafio do profissional. Os contadores perderam a função de “guardadores de livros” e agora são peças-chave na administração das empresas. Nós somos responsáveis por auxiliar o empresariado na tomada de decisões que podem definir o sucesso das operações ou fadá-las ao fracasso. Por isso, “responsabilidade” é a palavra que rege o trabalho dos contadores, pois a vida das empresas pode estar em nossas mãos.
Em segundo lugar, eu e meus colegas amargamos a rotina alucinante de mudanças constitucionais e tributárias que nos obrigam a buscar especialização e competência para atender a demanda inconstante do fisco brasileiro. O Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e o eSocial, que unificou o envio das informações trabalhistas e previdenciárias, foram as últimas obrigações impostas pelo fisco que garantiram mais alguns cabelos brancos a todos os empresários contábeis do Brasil. Além disso, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), outras 30 normas tributárias são editadas diariamente no país. É uma transformação total, que acontece a cada dia, na forma de trabalhar destas pessoas. Definitivamente no mercado contábil não há espaço para profissionais acomodados.
Segundo dados, o Brasil hoje conta com mais de 500 mil profissionais e 45 mil escritórios, por isso a concorrência é grande. É um equívoco pensarmos mesmo tendo “a vida das empresas” nas mãos, nós contadores estamos com o nosso ganha-pão garantido. A obrigatoriedade de atender a demanda do fisco está imposta para todo o mercado contábil e por isso, fica fácil o empresário encontrar outro profissional que faça o mesmo serviço por um preço menor, por exemplo. A fidelização do cliente está cada vez mais complexa. Em tempos de crise, então, nem se fala!
O cenário econômico brasileiro atual também oferece mais obstáculo para a resistência dos profissionais contábeis. Apesar de o mercado atual estar bastante retraído, não é incomum no nosso ramo ouvir relatos de empresários menores que cederam às propostas de venda, é uma tendência. Eu mesmo, já adquiri carteiras de colegas que decidiram sair do ramo, pelo simples fato de que ainda acredito e aposto muito neste segmento. O processo pode ser vantajoso e ajudar na solidificação dos negócios, mas é preciso estar atento às boas oportunidades e a todas as entrelinhas que uma aquisição/venda deste tipo pode ocultar.
Outra tendência existente no mercado é um assédio por parte de organizações internacionais, que também justificadas pela crise econômica brasileira, estão em busca de fazer aquisições. E não somente de grupos maiores. Os escritórios contábeis de médio porte também estão na mira dos estrangeiros, dificultando ainda mais o potencial de concorrência. Resistir a essa paquera é mais uma tarefa complexa dos empresários da contabilidade.
Apesar desse cenário aparentemente de selva, a contabilidade é um ramo que tende a crescer muito. Como qualquer outro profissional, o contador possui uma carga de responsabilidade muito alta e desafios diários que podem oferecer resistência no exercício da carreira. O comprometimento e a paixão pelo que se faz são os fatores que não vão deixar a peteca cair. Não só devido à data que comemoramos no dia 22, mas diante dos vários desafios, finalizo desta maneira: Parabéns a todos os contadores!
Assinatura: Aédi Cordeiro, Diretor da JJA Assessoria Fisco Contábil de Campinas.