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Para falar dessa importante temática, se faz necessário deixar claro o meu entendimento acerca de sustentabilidade, liderança e liderança para sustentabilidade.
Dou início a este artigo invocando o seguinte provérbio africano: “O mundo que temos hoje nas mãos não nos foi dado pelos nossos pais, ele nos foi emprestado pelos nossos filhos”.
Isso significa que cada geração deve legar às gerações vindouras. Um meio ambiente igual ou melhor do que aquele recebido das gerações precedentes, conforme preconiza a Organização das Nações Unidas (ONU), sem que perca de vista o sucesso econômico, pois como diz o ambientalista Cláudio Valadares “o homem no vermelho não protege o verde”. Por isso, a grande meta que sintetiza todo esse esforço é compartilhar transformação produtiva com equidade social e sustentabilidade ambiental.
Afinal, o que é Sustentabilidade?
De uma maneira bem simples, podemos dizer que ser socialmente responsável significa nos preocuparmos efetivamente com os impactos que as atividades econômicas trarão ao nosso entorno.
Esses impactos podem ser positivos e negativos e podem estar relacionados a questões sociais, econômicas, ambientais e culturais. Já o entorno compreende os stakeholders, ou atores com os quais nos relacionamos: os fornecedores, clientes e consumidores, concorrentes, colaboradores, acionistas, comunidade, organizações não governamentais, estado, entre outros.
Basicamente esse é o conceito de Responsabilidade Social Empresarial, que não pode ser confundido com o assistencialismo e filantropia.
Não é possível exercer Sustentabilidade e Responsabilidade Social Empresarial isoladamente. Precisamos trabalhar, via engajamento e convencimento, com esses diversos públicos, para que possamos obter a legitimidade desse processo, respeitando as identidades, os princípios e os valores desses diversos atores.
É a gestão “com” e não “de” esses públicos, trabalhando com a mitigação dos impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais de nossas atividades, que nos permitirá chegar ao conceito de Sustentabilidade.
Liderança, do que estamos falando?
Segundo o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, “cada um tem, na empresa, uma tarefa de líder, em que aprende e ensina, em que lidera pessoas ou processos”. Cortella ensina que três pontos são fundamentais para, de fato, exercer essa liderança: aprender com o outro, distinguir o novo da novidade e inspirar o grupo, em vez de expirar.
“Em primeiro lugar, o líder tem de ser humilde e perceber que há outros modos de fazer e pensar. Outra virtude da liderança é diferenciar os modelos de gestão e produção que não passam de modismos (a novidade) daqueles que revolucionam e são perenes (o novo). O líder só pode estabelecer esses critérios quando sabe para onde vai e está sempre estudando, ouvindo, conversando. Por fim, ele tem de inspirar e elevar a condição do grupo”, diz.
Face ao acima exposto sobre sustentabilidade e liderança, chegamos à grande questão: qual a importância de educar líderes para a sustentabilidade?
Quando falamos em liderança para a sustentabilidade, automaticamente estamos falando em “valores”, pois não dá para falar desse tema sem esse viés.
Quem não teve educação de base em casa e na escola, não terá no trânsito, na empresa, no convívio social, em lugar nenhum. Os escândalos e a falta de respeito que temos visto nas manchetes dos jornais, por exemplo, revelam no fundo, pura falta de educação em valores. Ouvi uma frase que entendo que resume bem o que estou falando. “Muito mais que deixarmos um mundo melhor para os nossos filhos, precisamos deixar filhos melhores para o mundo no futuro”.
Certa vez como diretor de sustentabilidade do CIESP Campinas, convidei o professor Carlos Sebastião Andriani, então diretor acadêmico do IBE-FGV, para falar em uma plenária sobre Educação para Sustentabilidade. Ele, por mais de uma hora, falou sobre “Educação em Valores”.
Também me recomendou tratar desse tema dentro da casa da indústria e me disse: “Bueno, as academias estão disponibilizando para o mercado caminhões e caminhões de alunos que estão indo para as empresas se dar bem, custe o que custar, isto é, sem ética, sem princípios e sem valores”.
Qual era a preocupação na época? Formar líderes que tenham na base de suas tomadas de decisões do dia a dia, a ética, a transparência, a boa governança corporativa e o respeito a diversidade. Líderes que atuem no modelo “ganha-ganha” nos aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Em seu texto “Treinamento ou educação, qual o ponto de partida? Papel da escola infantil” o professor Andriani ressalta que a causa primária ou causa raiz da corrupção, violência, roubos, ou seja, das mazelas da nossa sociedade, está vinculada diretamente ao caráter, aos valores do indivíduo; e que de dez jovens demitidos pelas empresas, nove tem origem na conduta negativa, nos valores da pessoa. Esses dados não podem ser ignorados.
A plataforma liderança sustentável tem sido uma ferramenta extraordinária para mostrar ao mundo corporativo o que o mercado exige nos dias de hoje dos seus líderes. Provendo conteúdos que possuem esses valores em sua base, ela permite o acesso universal a esse desenvolvimento, de maneira simples e objetiva.
Sustentabilidade não é mais tendência e sim cenário e demanda internacional de mercado. Educar líderes para a sustentabilidade é uma necessidade premente e os exemplos disponibilizados pela plataforma, demostram o sucesso dessa iniciativa que é a liderança sustentável.
Luiz Fernando de Araújo Bueno é Administrador de Empresas, Professor de Pós Graduação do IBE-FGV, Professor da FGV online, Diretor Titular do Departamento de Sustentabilidade do CIESP – Diretoria Regional de Campinas, consultor e palestrante.