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A atividade empreendedora está em alta no Brasil e nosso potencial é promissor neste campo, não se pode negar. Somos, afinal, os primeiros no ranking mundial dos que resolvem abandonar o emprego para dar vida a um sonho.
Traduzido em números, essa tendência se exprime em 36 milhões de brasileiros com algum tipo de negócio. Desses, 30% empreendem por necessidade, enquanto 70% por julgar ter encontrado a grande oportunidade da vida de ser “o dono próprio nariz”.
Essa proporção nem sempre foi assim, o que demonstra a importância que a população vem dando ao tema, além de aumentar a consciência sobre os benefícios de se empreender, em detrimento de uma “segurança” na carteira assinada a cada dia mais questionada por muitos.
Mas, nem tudo é motivo para se comemorar, pois de acordo com o Índice Global de Empreendedorismo, nosso país ocupa a 100º posição. Quantitativamente, estamos bem colocados, sem dúvida, mas quando se trata de qualidade e consideramos o sucesso das empresas, a realidade é nua e crua.
A falta de competitividade e preparo dos empreendedores acaba por minar as chances de sobrevivência das empresas. Empreender deve agregar valor para a sociedade e para os clientes. No entanto, é preciso ressaltar que esse impulso vai muito além de constituir uma pessoa jurídica, comprar e vender produtos ou serviços. Um bom empreendedor vai além da vocação ou de qualquer outra habilidade. É preciso prezar pela organização, controles, foco e, principalmente, pelo planejamento.
A burocracia brasileira é o maior entrave para a expansão de qualquer empreendimento. Por isso, para avançar com segurança em qualquer negócio, o empreendedor precisa ter conhecimento, preparo e percepção dos vários cenários ao seu redor. E, sobretudo, adquirir definitivamente o hábito de planejar, deficiência apontada pelas pesquisas como causa de quase a metade das mortes prematuras dos negócios.
Como lidar com tudo isto, enfim? Ainda mais frente à atual crise econômica e dos altos tributos e o excesso de burocracia de sempre? De fato, hoje não se pode conduzir uma empresa com as velhas práticas do passado.
O nível de cobrança, exigência e fiscalização aumenta a cada ano e, com isso, as pequenas sonegações, as fraudes, o famoso “jeitinho brasileiro” já não têm mais espaço como fonte adicional o exclusiva de competitividade. Quem insiste nesta prática está sabotando não só os cofres públicos, mas principalmente seu próprio negócio.
Está visível que as exigências do Fisco vem aumentando anos após ano, especialmente com relação às prestações de contas, todas no formato digital. Neste sentido, o investimento em sistemas e formação continuada têm sido mandatórios para o sucesso, independente da natureza e do porte de um negócio.
Controles de estoques; vendas; compras; pessoal, tudo precisa ser sistematicamente mantido e organizado. E um número traduz bem essa necessidade. Somente em 2013, a Receita Federal arrecadou R$ 190 bilhões em multas decorrentes de erros nas empresas.
Administrar é prever, organizar, estabelecer metas e, principalmente planejar. Claro, não pode faltar também muita motivação, mas ela precisa de uma direção e quem consegue mostrar esse norte é o líder.
Num ambiente hostil, como o atual, as empresas mais fracas estão suscetíveis ao fracasso, embora crises sejam pródigas em oferecer oportunidades, como há muito nos ensinaram os ancestrais chineses. O que existe de contemporâneo nisso tudo é a necessidade de se estar sempre atento, enxergar essas chances de crescer em pleno caos e, é claro, sair na frente, condições básicas para que um dia tenhamos mais qualidade do que quantidade em nossas estatísticas sobre o empreendedorismo nacional.
(*) Roberto Dias Duarte é sócio e presidente do Conselho de Administração da NTW Franquia Contábil.