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A profissão liberal, aquela que possui um órgão federal para fiscalizar as suas atividades profissionais, tem um campo de estudo e de trabalho muito bem definidos. O campo de trabalho dos advogados compreende o estudo das leis; o dos médicos, o do corpo humano; o do veterinário, o do corpo dos animais; já o do contador, o do patrimônio monetário, e assim por diante... De forma que quando alguém quer que a lei seja obedecida, procura o trabalho de um advogado; quando quer a cura do corpo humano, procura o trabalho do médico; quando quer a cura dos animais, procura o veterinário; e, quando quer a proteção do patrimônio monetário (para operar bem, com equilíbrio), procura o trabalho do contador.
A sociedade e os gestores dos agentes econômicos e sociais, ou grande parte deles, pensam de forma diferente sobre os afazeres do contador. Ele é geralmente visto como um profissional que cumpre com as funções burocráticas exigidas pelos governos, processando e gerando as informações que os governos necessitam para facilitar o controle das obrigações trabalhistas, sociais e tributárias; como um profissional que emite guias para pagar tributos; que elabora a folha de pagamento para pagar os empregados; que cumpre com as obrigações acessórias impostas pelos governos e que cuida da papelada das empresas.
Entretanto, a atividade principal do contador é a de dar proteção ao patrimônio monetário dos agentes econômicos e sociais, para que prosperem e gerem emprego e renda. A capacidade do contador de resolver os problemas provocados pelos atos de gestão não é lembrada pelos gestores, pela sociedade.
É preciso romper estes paradigmas. A sociedade precisa saber que a função principal do contador é a de trabalhar com o patrimônio das pessoas, cuidando, protegendo e fazendo dele um instrumento de progresso e de desenvolvimento econômico e social.
O contador analisa todos os elementos que formam o patrimônio monetário para orientar os agentes econômicos e sociais. Ele analisa ativos, passivos, receitas, despesas e custos, além de todas as suas variações, causas e efeitos, enfim, tudo que compõe este patrimônio que está sendo colocado para produzir e gerar riquezas.
O contador também valida o patrimônio monetário das pessoas jurídicas, que é constituído através dos registros de todos os atos praticados pelos gestores e está representado nas demonstrações contábeis. Assim, todas as atividades que envolvem o patrimônio monetário, seja pela extração de informações ou pela análise destas informações, fazem parte do campo de trabalho do contador.
O objetivo deste artigo é propor uma reflexão a respeito do tema para que os órgãos que atuam na defesa do contador e na fiscalização das funções contábeis estabeleçam novos mecanismos para divulgar o papel deste profissional. A questão que se levanta é por que a sociedade não vê o contador como um agente participativo, formador de opinião, cujo campo de trabalho e estudo envolve o patrimônio monetário dos agentes econômicos e sociais? Por que a sociedade não procura o contador para resolver os problemas que envolvem o seu patrimônio?
Agora, no dia 22 de setembro, os contadores irão completar 78 anos de existência. Já está mais que na hora de os contadores assumirem as suas responsabilidades profissionais, esclarecendo a sociedade sobre as suas verdadeiras funções e obrigações sociais. As empresas não podem fechar as suas portas, não podem deixar de gerar emprego e renda, por conta de falhas na sua gestão; e o contador precisa participar mais ativamente destes processos.
SALÉZIO DAGOSTIM é contador, pesquisador contábil, autor de livros de Contabilidade, professor da Escola Brasileira de Contabilidade (EBRACON), fundador do Sindiconta-RS, presidente de honra da Confederação dos Profissionais Contábeis do Brasil - APROCON BRASIL e sócio do escritório contábil estabelecido em Porto Alegre (RS), Dagostim Contadores Associados, à rua Dr. Barros Cassal, 33, 11º andar - salezio@dagostim.com.br.