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Felipe Frisch
O dólar teve ontem um novo dia de queda expressiva, de 1,97%, e fechou o dia a R$2,035, a cotação mais baixa desde 2 de outubro do ano passado. Na data, duas semanas após a quebra do banco americano Lehman Brothers, que marcou o agravamento da crise global, a moeda encerrou o dia a R$2,023. Com isso, especialistas já cogitam a possibilidade de o dólar chegar a valer menos de R$2 ainda neste mês.
Nem mesmo as operações diárias do Banco Central, ao comprar dólar no mercado à vista, têm conseguido segurar a moeda. Ontem mesmo, a autoridade monetária comprou US$192 milhões, em duas operações. Segundo analistas, o fator que tem sido decisivo para a queda da moeda tem sido a disputa entre instituições financeiras e o Banco Central (BC).
No início do mês, a autoridade monetária vendeu US$3,412 bilhões em contratos de "swap cambial reverso". Nestas operações, o BC acerta com instituições financeiras a compra de dólar numa data futura a uma cotação definida e paga uma taxa de juros para o período. Na prática, o BC recebe a variação do dólar se ele subir em relação à cotação acertada.
Da mesma forma, se o dólar cair de preço, quem recebe a diferença para o preço acertado são os bancos que estão na outra ponta da operação. Como os contratos vendidos este mês têm vencimento no primeiro dia útil de junho, a expectativa é de que, até lá, os bancos que aderiram ao leilão pressionem a queda da moeda americana. Com isso, vão ganhar com os juros e com a queda na cotação do dólar.
Segundo Sidnei Nehme, diretor-executivo de Câmbio da NGO Corretora, também é esse cenário que tem feito os bancos venderem tão poucos dólares ao BC nos leilões diários. As instituições compraram a moeda americana por cotação muito mais alta e não aceitam vender pelas cotações que a autoridade monetária oferece. Ainda mais pelo ganho que podem ter caso o dólar caia mais.
- Se o BC vendeu o dólar a R$2,14 (cotação do dia 5) e a moeda chegar a R$2, imagina o ganho que eles vão ter - avalia Nehme.