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O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou o segundo aumento consecutivo da taxa básica de juros, que passou de 9,50% para 10,25% ao ano. A decisão foi unânime.
`Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,25% a.a., sem viés`, afirma nota divulgada após a reunião.
A alta de 0,75 ponto percentual era uma aposta praticamente unânime no mercado financeiro. Em abril, o BC já havia elevado a Selic de 8,75% para 9,50% a.a., dando início a um novo ciclo de alta dos juros, o primeiro desde 2008.
O BC volta a se reunir agora nos dias 20 e 21 de julho, para quando é esperada uma nova alta de 0,75 ponto, de acordo com as apostas da maioria dos economistas.
Apesar do aprofundamento da crise internacional registrado desde a última reunião do Copom, pesaram na decisão do BC os dados relativos à inflação e ao forte crescimento da economia no início de 2010.
Na última terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país em um determinado período) do primeiro trimestre. O crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2009 e de 2,7% sobre o trimestre anterior ficou dentro das estimativas do mercado financeiro e do próprio governo.
Na avaliação de economistas, os números não alteram a expectativa de que a Selic vá terminar o ano próxima de 12% a.a..
Também foram divulgados hoje novos dados sobre a inflação, que vieram dentro do esperado, o que só reforçou as apostas de que o BC não iria mudar o ritmo de aumento dos juros por enquanto.
Crise
A avaliação dos economistas é que as decisões futuras do BC vão depender, principalmente, do desdobramento da crise externa e dos novos indicadores sobre a economia brasileira.
É esperada uma desaceleração da economia, por conta do fim dos incentivos fiscais e para o crédito dados durante a crise de 2008 e 2009, da acomodação no consumo e da queda nos gastos dos governos por causa das restrições eleitorais.
Pesa também a mudança na base de comparação. Apesar do início do ano passado ter apresentado um PIB fraco, o segundo semestre já mostrava recuperação.
Mesmo com essa desaceleração, os economistas continuam projetando um crescimento do PIB próximo de 7% neste ano e uma inflação de 5,64%, acima do centro da meta de 4,5%. Por isso, a expectativa é que os juros continuem subindo, pelo menos, até as vésperas das eleições.
De acordo com a pesquisa Focus do BC, realizada com cerca de 100 economistas, o Copom deve anunciar mais dois aumentos de 0,75 ponto nos juros, nas reuniões de julho e setembro. Depois, a taxa voltaria a subir somente em janeiro de 2011, para 12% a.a..