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Quem deixou o dinheiro na poupança em março perdeu novamente poder de compra. Isso porque o rendimento da modalidade ficou abaixo da inflação para o mês. Esse é o oitavo mês consecutivo que a poupança fica para trás.
As cadernetas renderam em março 0,54% para o poupador, mas o retorno real – depois de descontado a inflação -, ficou em -0,08%. As poupanças são remuneradas em 6% ao ano mais a taxa referencial, que é uma média dos CDBs (Certificados de Depósitos Interbancários) do mercado, remunerados com base na taxa básica de juro, a Selic.
De acordo com a professora da FGV-Rio (Fundação Getulio Vargas), Myrian Lund, o cenário de inflação alta tem provocado a perda na poupança e esse cenário não tão positivo deve permanecer neste ano, apesar de o governo ter lançado medidas de controle dos preços. “Deve fechar no zero a zero”, afirmou ela, sobre a evolução dos preços e a rentabilidade das cadernetas em 2011.
O peso do juro
O aumento da Selic faz com que as cadernetas fiquem ainda mais defasadas. “À medida que o juro da economia aumenta, a poupança fica desvantajosa”, ponderou Myrian. “O grande peso da rentabilidade da poupança são os 6%, que são fixos”, explicou a professora. Já a parte variável, que tem influência da Selic, exerce pouco peso.
De acordo com Myrian, quando a Selic estava a 8,75%, a poupança estava em destaque, porque só sua parte fixa dava 6% ao ano. Agora que o juro está em 11,75% e, segundo a professora, deve chegar a 12,25% no final do ano, as cadernetas ficam mais defasadas e outras modalidades ganham destaque.
O que fazer?
Diante deste cenário, o que deve fazer o investidor? “Se ele [investidor] for usar o dinheiro rápido, é melhor ficar até poder usá-lo. Se não, vá para a renda fixa, para fundos DI e o Tesouro Direto”, ponderou o professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.
Myrian, por sua vez, disse que, independentemente do cenário, não muda sua opinião em relação à poupança: “Ela foi feita para quem está começando e quer poupar, sem pagar tarifa de conta-corrente alta. Não é, por exemplo, para quem tem mais de R$ 10 mil”.
Perda desde 2010
Confira, abaixo, as perdas da poupança desde agosto de 2010: